A cidade de Laguna, no Sul
do estado de Santa Catarina, foi palco do 6º Encontro de Mulheres Trabalhadoras
da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST). O evento aconteceu de
sexta-feira, 16, até domingo, 18, no Laguna Tourist Hotel. Mais de 300 mulheres
de 90 entidades sindicais de Santa Catarina participam do evento.
O
grande número de participantes foi o maior das seis edições do evento. Algo que
mostra que o encontro se consagrou como um dos maiores realizados pelo movimento sindical. Palavras
do presidente da NCSTSC, Altamiro Perdoná. Em sua avaliação, o evento é bem
mais do que um encontro entre representantes sindicais.
“Esse
encontro, que fazemos todos os anos, é, também, um programa de educação, união
e mostra para as mulheres o que é o movimento sindical. Hoje, o evento é o que
esperávamos, ao chegar no número de mulheres que chegamos”, pontuou.
Ainda
segundo ele, a participação feminina no movimento sindical é fundamental para
que se possa orientar sobre os abuso que as mulheres sofrem, muitas vezes, nos
locais de trabalho e na sociedade. “Imagina onde não há sindicato: o patrão faz
o que quer com as nossas mulheres. O governo não faz o que deveria e ainda
temos casos de delegados machistas, quando chegam nas delegacias relatos de
violência contra elas”, frisou.
O
presidente da Federação Interestadual dos Mineiros de Santa Catarina, Paraná e
Rio grande do Sul, Genoir Santos, o Foquinha, parabenizou a NCST pela escolha
do local para realizar o evento. Para ele, os trabalhadores precisam de
conforto para debater questões relacionadas aos seus interesses.
“Chega
do tempo em que se fazia reunião com trabalhadores em ginásio de esportes e
galpões”, pontuou ele. Santos ainda mencionou a preocupação que o movimento
sindical precisa ter com as tentativas de desmonte de usa estrutura. Citou
exemplo de deputado paranaense que tem feito frequentes investidas no sentido
de acabar coma contribuição sindical.
O
presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público de Santa Catarina
(Fetramesc), Davi Vinci, lembrou a importância da mulher nas transformações que
a sociedade vem vivendo ultimamente. A garra e a força feminina são
fundamentais para isso em sua visão. “Mulher é mais decidida. Hoje em dia, a
mulher toma frente, vai à luta, entra na faculdade e tudo mais”, pontuou.
Izelda
Terezinha Oro, presidente do Siticom Chapecó e diretora da NCST e da Feticom
SC, disse que é gratificante participar de um evento em que esteve presente
desde a primeira edição. Evento que tem papel fundamental para que as mulheres
consigam vencer obstáculos que ainda as colocam em situação abaixo dos homens.
“Não
queremos mais jornada trilha de trabalho. Não queremos mais morrer pelas mãos
dos homens. Queremos mais espaço no movimento sindical. O movimento sindical
ainda é muito machista e preconceituoso”, criticou ela.
A
presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de São Bento do Sul e diretora
da NCST, Adriana Bombassaro Zanela, também lembrou o papel da mulher não apenas
na sociedade, mas dentro de casa. “A mesma mão que balança o berço é a mesma
que põe comida dentro de casa. O mundo não teria graça sem a nossa presença”,
frisou ela.
Sônia
Maria Zerino, diretora da CNTI, frisou que a participação da mulher tem sido
cada vez mais exigida não apenas no movimento sindical, mas em todos os
setores.
“Hoje é para despertar a Anita dentro de vocês”
Foi
com a trajetória de vida de uma personagem que é considerada um dos símbolos da
força da mulher, Anita Garibaldi, que Alessandra Bombassaro abriu a palestra
Mulheres de Coragem.
Especializada
em gestão de políticas públicas da saúde, com formação em serviço social e
mestre em filosofia, ela abordou temas relacionados à auto-estima feminina e
como a mulher precisa despertar o poder interior que carrega.
O
ritmo descontraído e com frases e pensamentos de impacto nos sentido de chamar
a atenção das mulheres para a descoberta de seu poder interior, Alessandra
arrancou aplausos da plateia. A alusão à Anita Garibaldi se de pela trajetória
sofrida, de batalhas e com vida curta que marcou a trajetória da personagem,
que nasceu em Laguna e morreu em campo de batalha na Itália.
“Ela
é a precursora da mulher brasileira, guerreira, batalhadora”, frisou.
Suando
a camisa logo cedo
O sábado começou com muito
trabalho e atividade física logo cedo no 6º Encontro de Mulheres Trabalhadoras
da Nova Central Sindical (NCST). O fisioterapeuta Peter Alexandre Kneubuehler, secretário-geral
do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São bento do Sul, colocou as
participantes do evento para se movimentar com a palestra
Dicas sobre forma adequada
e a importância dos exercícios físicos foram repassadas por ele. O ponto forte
da conversa concentrou no ponto de vista de que os exercícios físicos devem ser
encarados no sentido de melhorar as condições de saúde em primeiro lugar.
“Nossa maior para praticar
atividade física é saúde. O restante vem. O nosso maior objetivo é a saúde”,
pontuou ela.
Segundo ele, a falta de
tempo, o ritmo alucinado e a preocupação com outros fatores fizeram com que as
pessoas se distanciassem da atividade física e, consequentemente, surgiram
inúmeros tipos de doenças e problemas relacionados à saúde. Mas, uma situação
que pode, mesmo em meio à loucura do dia a dia, ser resolvida.
“Começamos a evoluir do
ponto de vista intelectual e simplesmente paramos a atividade física. Mesmo na
fábrica onde trabalhamos, nosso local de trabalho, temos uma rotina de
atividade lá. Em 20 minutos, com exercícios físicos movimentamos o nosso corpo
inteiro”
Os exercícios proporcionam
algumas prevenções no organismo, como prevenção de doenças por exemplo.
Presidente
da NCSTSC é homenageado
O presidente da Nova
Central Sindical de Trabalhadores de Santa Catarina, Altamiro Perdoná, foi
homenageado durante o 6º Encontro das Mulheres Trabalhadoras da NCST. A
iniciativa foi do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do
Mobiliário de Chapecó, através de sua presidente, Izelda Terezinha Oro.
Em seu discurso, Izelda
lembrou da dificuldade que é par as mulheres entrar e se manter no movimento
sindical. Mas isso tem sido algo que vem mudando graças à ação e iniciativa de
lideranças como Perdoná.
Juntamente com toda as
representantes do Siticom de Chapecó presentes no evento, Izelda entregou ao presidente
da NCST um brinde para simbolizar a importância de sua luta no movimento
sindical.
“Queremos
respeito e igualdade também”
Sônia Maria zerinho,
diretora da CNTI e da Nova Central Sindical Nacional, abordou sobre a Mulher e
o Mercado de Trabalho. Embasada em números e levantamento de informações, ela
chamou atenção sobre a desigualdade que vive a mulher em relação aos homens em
setores como trabalho, política e sindicalismo.
Em sua fala, Sônia
destacou que mesmo a mulher fazendo as mesmas atividades e cargos, ela ganha
cerca de 30% menos. Apesar disso, a mulher vem conquistando seu espaço e
lutando para mudar essa realidade, principalmente em relação à independência.
“Antigamente tinha um
ditado que dizia ‘ruim com ele, pior sem ele’. Nós fomos à luta e, hoje, temos
autonomia financeira. Queremos respeito e igualdade também”, frisou ela.
Sobre a grande
participação de mulheres no evento da NCST, Sônia disse que este também é fruto
de conquista da classe feminina.
“Isso aqui é uma luta e
esse espaço não foi nos dados. Esse espaço é uma conquista. Nada é dado de
graça a nós mulheres. Tanta companheiras pereceram na luta para que tivéssemos aqui
hoje”.
Além de temas desde como a
desigualdade financeira entre homens e mulheres no mercado de trabalho, ações
do governo contra direitos e benefícios da classe trabalhadora, o preconceito
racial também foi destacado por ela. A luta pela manutenção dos direitos e para
acabar com abusos contra os trabalhadores e trabalhadoras também foram
mencionados.
“O movimento sindical tem
cobrado das autoridades os tratados internacionais que foram acordados por esse
país e que não são cumpridos na essência”.
Por fim, a diretora da
NCST e da CNTI chamou atenção para a necessidade de maior participação direta
da mulher em setores como o movimento sindical e a própria política partidária.
“Apesar de sermos mais da
metade da população desse país, estamos timidamente representadas nos espaços
de poder”, pontuou.
“O
governo resolveu mudar as regras no meio do caminho”
O advogado Celso Amaral de
Almeida Pimenta, diretor de Seguridade Social da Nova Central Sindical Nacional
e advogado previdenciário, também foi um dos palestrantes do 6º Encontro de
Mulheres Trabalhadoras da NCST. Ele abordou o tema A Mulher e a Previdência
Social.
Segundo ele, a Previdência
Social deveria ser um seguro social e que o trabalhador acredita que deveria
ser uma segurança para o futuro. “Mas o governo resolveu mudar as regras no
meio do caminho, afetando e agredindo o artigo quinto, inciso sexto da Constituição,
que fala do direito adquirido. Ele vem, mete a mão, diz que não vai afetar e o
resultado vem um, dois ou três anos logo após”.
Um dos pontos abordados
por ele foram alterações do governo na Previdência em relação às pensões por
morte. “Editaram no final do ano, na calada da noite, as medidas 664 e 665, nas
quais a 664 tratava das pensões por morte, sendo que essa estabeleceu critérios
absurdos”, disse.
Ao longo da palestra,
celso respondeu a perguntas e tirou dúvidas das mulheres sobre questões relacionadas
à Previdência Social.
Saúde
da Mulher em destaque no 6º Encontro de Mulheres da NCST
A preocupação com a saúde
feminina também foi tema de palestra no 6º Encontro de Mulheres Trabalhadoras
da Nova Central Sindical em Laguna. Coube à ginecologista e obstetra Célia
Zanin da Rosa falar a respeito do tema.
O ponto principal foi a
preocupação com a higiene íntima da mulher. Cuidados que se não forem seguidos
à risca podem desandar em graves problemas na saúde.
Ela dividiu a palestra em
dois tipos de cuidados, os causados pelos fatores intrínsecos, ou seja, que não
estão sujeitos à ação direta da mulher, como estresse, menopausa e
transformações do organismo, e os extrínsecos, como alimentação, uso de
medicamentos, atividade física, atividade sexual e duchas.
“Duchas não. Dentro da vagina
tem um sistema próprio. Quem vai determinar se vai ser feito alguma coisa é o ginecologista,
se ele analisar”, pontuou ela.
Segundo ela, os
absorventes devem ser evitados fora do período menstrual. “Aqueles que se sentem
mais confortável, existe uma classe de absorventes, poligênicos, que são respiráveis”,
frisou.
A
Lei Maria da Penha foi tema de palestra no Encontro de Mulheres da Nova Central
O advogado Harisson Araújo
Almeida palestrou no 6º Encontro de Mulheres Trabalhadoras da NCST, abordando
tema que está ligado diretamente a uma das maiores preocupações femininas: a
violência contra a mulher. Ao longo de 40 minutos, ele relembrou a trajetória
da Lei Maria da Penha, que em 2016 completa 10 anos de existência.
Alisson é advogado
trabalhista, mas frisou que o tema da violência contra a mulher é algo que
chama muito sua atenção. Principalmente por ter tido caso dentro da própria
família.
Entre os tipos de
violência destacados por ele estão a moral, psicológica e física.
Na maioria dos casos, a
mulher leva até cinco anos para reagir aos atos de violência sofridos. Dados
apontam eu 65% dos casos são de companheiros atuais. A maior parte das mulheres
procura amigos para relatar o problema, ao invés de denunciar o problema à
polícia. Os mesmos dados mostram eu 74% das mulheres não denunciam a agressão
por medo do agressor.
Para Arisson, uma mudança
nesse panorama depende da reação da própria mulher. “Ela conhecer ela mesma,
saber direitos que ela tem na sociedade. Tudo isso é uma forma de valorizar a
mulher e ter o lugar que ela merece”, pontuou.
O advogado ainda respondeu
a questionamentos sobre decisões judiciais que, muitas vezes, acabam por
frustrar mulheres que foram vítimas da violência. “É importante que se documente.
Mas infelizmente para se ter uma condenação, tem que fazer a denúncia,
enfrentar um processo e ter provas”, disse ele.
A
vida de uma mulher é cotidiano malabarismo
Mulheres e seus papeis, o
malabarismo do dia a dia foi o tema da palestra abordada pela publicitária Edla
Zim da Silveira no 6º Encontro de Mulheres Trabalhadoras da Nova Central
Sindical.
Durante a explanação, ela
traçou um perfil das mudanças que a mulher enfrentou com o passar das décadas e
que ainda vive na atualidade em relação às dificuldades que enfrenta na sociedade.
Situações corriqueiras de
um relacionamento e que exigem da mulher muito mais do que jogo de cintura para
manter o relacionamento. “Somos mães e não gostamos quando marido chega em
casa, passamos o dia correndo, nos matamos e quando marido chega em casa diz
‘tá cansada do que não fez nada. E isso doi”, frisou ela.
Dados de uma pesquisa
mundial mostram que a postura da mulher vem mudando. Atualmente, há um número
considerável que não prioriza mais um relacionamento com outra pessoa, do sexo
oposto ou não. Estas, focam mais nos filhos, plano de saúde e na carreira
profissional.
Com o passar dos anos, a
mulher precisa se preocupar mais com a qualidade de vida. Prática de exercícios
para cuidar da saúde é um deles. “30 minutos três vezes por semana. Se você
quiser um bem melhor para sua vida, passe para todos os dias, pois isso vai
fazer uma grande diferença”, pontuou.
A mensagem principal da
palestra foi de que a mulher precisa buscar formas e meios de se realizar sem
depender de nada, principalmente no sexo masculino. Mensagem esta ilustrada por
momentos vividos por ela, principalmente em relação à vida pessoal.
Para
Calixto Ramos, o trabalhador precisa fortalecer as entidades sindicais
José Calixto Ramos,
presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores nacional e da CNTI,
explanou sobre as ações que a entidade vem desenvolvendo na busca poro seu
fortalecimento. Pontos como a situação que vive o Brasil na atualidade,
principalmente relacionadas à crise política que tem afetado a economia do
país.
Para ele, passada a fase
do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rouseff, os empresários vão
fazer investimentos. “O empresário investe tendo certeza de retorno de seu
capital. Eles não faziam isso porque não havia segurança jurídica e o país
estava nessa situação sem governo, com os escândalos aumentando a cada dia”,
destacou ele.
Calixto lembrou que a
classe trabalhadora vem enfrentando inúmeros desafios com a perda de representantes
no espaço público que atuavam como os trabalhadores, como na Câmara dos
Deputados. Com isso, projetos que buscam enfraquecer o movimento sindical ou
retirar direitos e benefícios da classe estão ganhando força.
“O que precisamos de vocês
é que divulguem isso, no seu trabalho, na sua casa, o que o sindicato faz, a
central faz, a federação faz”, frisou ele.
Ele cobrou que o cidadão
precisa não apenas votar nas eleições, mas acompanhar o trabalho do político
para saber o que ele anda fazendo, se em benefício da população ou não. “
O presidente da NCSTSC,
Altamiro Perdoná, agradeceu a presença de Calixto Ramos e reiterou que o papel
do sindicalista é representar o trabalhador. “Não podemos mais nos reunir com
nossos trabalhadores quando vamos discutir a convenção coletiva de trabalho, discutir os direitos. Vamos ter que
estar mais próximos o ano todo e a Nova Central nacional dá essa condição. Ela
tem essa visão de educação”, pontuou ele.
“A
mulher vencedora chora raciocinando”
Com alto astral para dar e
vender, Nelma Penteado fechou com chave de ouro o 6º Encontro de Mulheres Trabalhadoras da Nova
Central Sindical. Formada em educação física e especialista em comportamento
humano, ela ministrou a palestra O Segredo das Borboletas.
Risadas,
brincadeiras, sorriso e abraços tomaram conta do auditório do Laguna Tourist
Hotel ao longo de pouco mais de 40 minutos. “Bom humor, interação e
participação. Entender que estar aqui para mim é estar é missão de vida. Não é
meu trabalho. Tem coisas que são muito além do que qualquer valor monetário”,
frisou ela sobre estar no evento.
Com
mais de 25 anos de palestras na área comportamental, Nelma já foi ouvida por
mais de cinco milhões de pessoas. A missão, segundo ela, é fazer com que
pessoas, em especial as mulheres, extraiam dicas que possam transformar suas
vidas.
“A
mulher perdedora só chora. A mulher vencedora também chora, mas ao invés de
chorar se acabando, chora raciocinando”, frisou ela.
Com
a entrega de certificados de participação e sorteio de brindes, o 6º Encontro
de Mulheres Trabalhadoras da Nova central Sindical foi encerrado com recorde de
inscrições. Foram mais de 300 mulheres que assistiram às dez palestras
ministradas da noite de sexta-feira, 16, até a noite de sábado, 17.
Valdomiro
da Motta
Jornalista
MTB 03666 – JP
Assessoria
de imprensa do 6º Encontro de Mulheres da NCST
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